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Ação das vacinas no corpo humano

Nesta videoaula apresentamos os mecanismos de atuação das vacinas no corpo humano e compararemos a imunidade adquirida pela vacinação em confronto com sua não utilização. Abordamos também as consequências disso para a saúde pública nas questões individuais e coletivas.

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Transcrição de vídeo

RKA - Nesse vídeo eu vou falar sobre vacinas. Eu vou falar sobre como as vacinas surgiram, como elas funcionam e quais são os tipos de vacinas que existem. Vamos começar então com o surgimento das vacinas. Bom, a vacina é considerada um dos principais avanços tecnológicos da medicina dos últimos séculos, mas na verdade ela surgiu há muito mais tempo, provavelmente na China, com uma técnica que ficou conhecida mais tarde como "variolação". "Variolação". E esse termo aqui vem de varíola, porque no século 18, na Europa, a varíola era uma das doenças que mais matavam na região. A varíola era transmitida por um vírus e essa transmissão ocorre por contato direto. Então se a pessoa tosse, espirra, ela pode transferir esse vírus para a pessoa que está sadia e essa pessoa pode adquirir a doença. Bom, um dos sintomas da varíola eram essas feridas, essas pústulas, que surgiam na pele da pessoa. Então o que eles faziam? Eles pegavam a casquinha dessa ferida, moíam, e esse pó era então aspirado, eles inalavam esse pó de ferida aqui. E eles perceberam que as pessoas que faziam isso não contraíram a doença, elas se tornavam imunes. Então, essa era a técnica de variolação. Mas ela ainda não era uma técnica consagrada no meio médico, era mais uma coisa popular, um conhecimento popular. E foi só em 1796 que um médico chamado Edward Jenner criou as bases científicas da vacinação que a gente conhece hoje. Então, o que é que esse médico fez? Ele resolveu investigar uma crença popular que dizia que os fazendeiros que lidavam diretamente com o gado infectado pela varíola bovina... Então deixa eu explicar isso: existia uma doença que dava no gado que produzia sintomas semelhantes à varíola humana. Ela também produzia essas pústulas no gado. E eles perceberam que os fazendeiros que entravam em contato com o gado infectado não adquiriram a doença, a doença humana, essa aqui, porque são duas doenças diferentes, tá? Essa doença aqui, que é a varíola bovina, é causada pelo vírus Variolae... Variolae... Vaccinae... Vaccinae. Vaccinae vem de vaca em latim, que é "vacca". "Vacca". E esse é o vírus que causa a varíola bovina, tá? O vírus que causa a varíola humana, que é muito semelhante, é o Orthopoxvirus variolae. Deixa eu escrever isso aqui, ó. Isso não precisa decorar, tá? Orthopox... virus... variolae. É outra espécie de vírus. Então, o Edward, ele decide investigar se esse conhecimento popular se tratava de uma crendice, de um mito, ou se realmente tinha uma base verídica por trás. O que ele fez? Deixa eu apagar isso aqui, para a gente ter um pouquinho de espaço. Ele pegou o vírus bovino e simplesmente injetou esse vírus... Pegou uma seringa e injetou esse vírus em pessoas saudáveis. E ele percebeu que as pessoas que recebiam o vírus bovino realmente se tornavam imunes ao vírus da varíola humana. A varíola humana também é conhecida... talvez vocês já tenham ouvido esse termo, a varíola... opa, deixa eu pôr de outra cor. Vou pôr outra cor aqui. A varíola também é conhecida como bexiga no Brasil, tá? Então ele percebeu isso, que realmente as pessoas adquiriam essa imunidade, e ele publicou então os achados científicos dele em um livro intitulado "Uma investigação das causas e efeitos da varíola bovina". Variolae vaccinae. Que é esse livro aqui. Vocês conseguem encontrar ele na internet. Bom, agora que a gente falou sobre como surgiu a vacina, a gente vai falar então sobre como as vacinas funcionam. Mas antes de entrar nisso propriamente dito, vou ter que falar um pouco sobre como o nosso sistema imunológico funciona. Bom, mesmo que a gente não consiga enxergar, ao redor da gente existem diversos microorganismos. Esses microrganismos podem ser patogênicos. O que significa patogênicos? Deixa eu escrever aqui, "patogênicos" Patogênicos. Os organismos patogênicos são aqueles que podem causar doenças, então, por exemplo, seriam os vírus... Desenhei um vírus aqui, ó: vírus e bactérias. Principalmente, tá? Bactérias. Bactérias. Então, esses microorganismos podem causar doenças na gente. A gente possui um sistema para combater esses microorganismos, que é o nosso sistema imunológico. O sistema imunológico, ele possui células de defesa. Essas células são conhecidas também como leucócitos. Deixa eu anotar "leucócitos". Leucócitos. Por que esse nome esquisito aqui? "Leuco" significa "branco", e "citos" vem de "células". Então, esses leucócitos, eles são como se fossem soldadinhos. Eles então, eles... Existem no nosso organismo para combater esses microorganismos patogênicos. Tá legal, mas o que isso tem a ver com vacina? O que tudo isso que eu falei tem a ver com vacinas? Bom, assim como todo exército precisa treinar eus soldados para combater o inimigo, o exército do nosso corpo, do nosso sistema imunológico, também precisa ser treinado, e é aí que entram as vacinas. As vacinas, elas "treinam" o nosso sistema imunológico para combater os organismos patogênicos. No nosso sistema imunológico, nós temos diferentes tipos de células. Deixa eu fazer uma mágica aqui para abrir espaço na lousa. Bom, assim como um exército tem diferentes tipos de soldados, cada um desempenhando uma função, o nosso sistema imunológico também tem. Então, os macrófagos, por exemplo... Deixa eu escrever aqui, os macrófagos Macrófagos... São as primeiras células a entrar em contato com os patógenos, o vírus e a bactéria que desenhei aqui. Porque esse nome, "macrófago"? A forma dele destruir os microorganismos... é porque ele vai envolvendo aqui ele envolve, ele engole o microorganismo, então a gente chama de macrófago porque "fagus" vem de "fagia", que é comer. Então ele come partículas grandes, e é assim que ele vai destruir partículas estranhas que entram no organismo. Além dos macrófagos, nós também temos as células B, e as células T. E em conjunto, elas são responsáveis por produzir e coordenar a ação dos anticorpos que vão neutralizar os patógenos para impedir que eles causem a doença no corpo. Só que nem todas as células B e T conseguem produzir o antígeno correto, então o macrófago tem que encontrar a célula entre um monte de outras células. É como se fosse procurar uma agulha num palheiro, muito difícil. O princípio por trás disso é o seguinte: as células de defesa do organismo possuem receptores... que é essa parte que eu desenhei aqui, ó. Esses são os receptores. Receptores. E cada receptor tem uma forma diferente. Da mesma forma, os patógenos também têm estruturas na superfície que nós chamamos de antígenos. Então seria isso aqui que eu desenhei. Esse é o antígeno. Antígeno. E cada célula de defesa ela só funciona para um certo tipo de antígeno. É como se fosse uma chave e uma fechadura. A chave que está aqui, nesta célula, só vai funcionar para bloquear um certo tipo de vírus. Por exemplo, se eu pegar essa célula aqui que o receptor é quadradinho, ela não vai conseguir bloquear, não vai conseguir se ligar aqui no antígeno desse vírus e nem desse, ó. Ela dá certo pra esse aqui, da mesma forma esse só vai funcionar... Não vai funcionar nesse, não vai funcionar nesse, só funciona no redondinho. E olha que interessante, quando uma célula de defesa se liga a um antígeno, ela pode ativar a produção de anticorpos. O que esses anticorpos fazem? Eles atacam, neutralizando a ação daquele microorganismo invasor. Então, esses são os anticorpos. Deixa eu anotar aqui. Esse é um anticorpo. Esse processo que eu expliquei aqui é conhecido como resposta imune adaptativa, que é uma adaptação do organismo contra algum invasor, um vírus ou uma bactéria. Ele pode acontecer de forma natural, por exemplo a catapora, quando você tem uma vez, você já se torna imune pro resto da vida. O que causa a catapora é um vírus, então o que aconteceu ali, porque você se tornou imune àquele vírus? O vírus entrou no seu organismo, os leucócitos neutralizaram aquele vírus e produziram mais leucócitos iguais a eles, que têm aquele receptor adaptado, que tem um receptor que encaixa certinho com aquele vírus. É como se o exército de células brancas do seu organismo tivesse se multiplicado, então você tem mais soldadinhos para combater aquele vírus. Então sempre que o vírus entra no organismo ele é rapidamente neutralizado e ele não causa a doença. Agora, isso também pode acontecer de forma artificial, e é aí que entra a vacina. Como que ela funciona? A vacina nada mais é do que a injeção de microorganismos ou mortos ou enfraquecidos no nosso sistema, no nosso organismo. O que que o nosso organismo precisa para conseguir multiplicar o nosso exército de células brancas? Ele precisa entrar em contato com o antígeno, tá? Então o que a vacina faz? Ela libera no nosso organismo um vírus que está enfraquecido, morto, ou até mesmo as proteínas que compõem o antígeno. Vou explicar mais para a frente os tipos de vacina. Então, o vírus que está na vacina não pode causar a doença, mas mesmo assim o nosso organismo, as nossas células brancas de defesa, elas reconhecem aquele vírus como um inimigo, e como resposta a isso o nosso organismo cria um tipo de célula especial chamado célula de memória. As células de memória... Vou escrever aqui, ó. Memória. Elas "se lembram"... "Se lembram". Quais anticorpos funcionam para aquele vírus específico. Porque coloquei entre aspas? Porque é claro que a célula não têm um cérebro para lembrar nada, né? O que acontece aqui é um mecanismo bioquímico que faz com que elas "se lembrem" quais anticorpos que neutralizam aquela ameaça. Então, vamos dar uma olhada em como essa resposta funciona em um gráfico. Aqui no eixo x nós temos o tempo. Tempo. Aqui no eixo y são os anticorpos. Vamos ver se consigo escrever na vertical. Não, tá feio, peraí. Anticorpos. Beleza. Bom, esse primeiro pico aqui é quando o organismo foi exposto à vacina. Então aqui é vacina. Então, quando o organismo é exposto ao vírus atenuado, ou seja, àquele vírus que não pode causar os sintomas da doença, mas tem o antígeno, ele dispara uma resposta do nosso sistema imunológico, que vai preparar o nosso exército para combater a doença no futuro. Então, quando o indivíduo entra em contato com o vírus pela segunda vez, a produção de anticorpos vai ser muito mais rápida, muito mais eficiente, porque as células de memória, elas vão reconhecer o antígeno e produzir os anticorpos. Então, esse pico aqui é a segunda exposição ao vírus. Vou colocar assim, ó: segunda exposição. Exposição. Como expliquei, aqui eu coloquei que a primeira exposição aqui, o primeiro pico, é a vacina mas ele pode ser a primeira vez que a pessoa pegou a doença, Como é o caso da catapora, que eu expliquei agora há pouco. Então, a pessoa pegou o vírus, no caso um vírus que não está atenuado, teve a doença, sintomas, tudo. Como a pessoa foi exposta ao vírus, na próxima vez que acontecer a exposição, na próxima vez que o vírus infectar o organismo, as células de memória já vão mobilizar o exército de células brancas que a gente tem para combater aquele agente infeccioso. Agora, nem toda vacina vai ser eficiente sempre contra aquele vírus. Assim como nem toda doença, quando você pega a primeira vez, traz imunidade na segunda exposição, como é o caso da catapora que eu expliquei. Porque isso acontece? Isso acontece porque alguns vírus sofrem muita mutação ao longo do tempo. Então, por exemplo, o vírus da gripe. Ele tem o antígeno de um certo jeito, de um certo formato, aí acontece uma mutação que faz com que o antígeno mude de formato. Então, por exemplo, ele fica assim. E aquele anticorpo que antes servia para dar imunidade ao vírus da gripe, agora ele não funciona mais. Porque o antígeno mudou. Isso acontece com os vírus de algumas doenças, como é o caso da gripe, por exemplo. Já os vírus que causam a catapora são mais estáveis. Os antígenos permanecem com aquele formato mesmo. É por isso que você tem que tomar sempre a vacina da gripe, todo o ano. Já a vacina para catapora, uma vez só já funciona. E quais são os tipos de vacina que existem? Bom, são basicamente três tipos: o primeiro tipo é quando a vacina carrega o microorganismo atenuado. Ele ainda está vivo, mas ele não causa mais aqueles sintomas da doença. O segundo tipo é quando eles pegam o organismo patogênico morto, e o terceiro tipo pega somente o antígeno, diretamente o antígeno. A vantagem do antígeno é que ele não causa nenhum tipo de reação, Porque quando você usa o microorganismo, por exemplo aqui esses vírus, você ainda pode causar alguma reação, mesmo que mais branda, né? Mas ela pode acontecer. Então, por exemplo, pessoas de idade ou crianças muito pequenas, podem sofrer algum tipo de sintoma daquela doença. Já o antígeno diretamente, eles usam proteínas e açúcares do antígeno, não causa essas reações. Então é um tipo de vacina mais seguro, e também existe... Está sendo desenvolvido um novo tipo de vacina que é a vacina a partir de DNA. Então os cientistas estão tentando isolar os genes responsáveis pela produção do antígeno, e com isso a própria pessoa vai produzir o antígeno. A vantagem desse tipo de vacina de DNA é que também não vão acontecer as reações que podem acontecer quando você usa o vírus. Então esses são os tipos de vacinas: você tem o vírus atenuado. Atenuado. O vírus morto. O vírus que eu digo é um microorganismo. Pode ser bactéria também. O próprio antígeno. E o gene isolado, que produz o antígeno. Bom, nessa aula era isso que eu queria passar. Espero que você tenha gostado e até o próximo vídeo.